VÍDEO: Orca é flagrada por pescadores no mar do RN
31/05/2025
(Foto: Reprodução) Caso foi registado em Caiçara do Norte por dois pescadores. Animais fazem parte da família dos golfinhos e são incomuns no litoral potiguar, segundo especialistas. Orca vista no litoral do RN
Uma orca foi flagrada ao lado de um barco de pescadores no mar de Caiçara do Norte, no litoral do Rio Grande do Norte. Um vídeo gravado por eles registrou a presença do animal (veja acima).
O fato aconteceu no dia 20 de maio, mas ganhou notoridade apenas nesta sexta-feira (30). Isso porque os pescadores Francisco Borges da Silva, de 26 anos, e Lenivaldo de Lima, de 45, ficaram embarcados por oito dias seguidos e só divulgaram o registro ao voltarem para terra firme.
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"Estávamos a umas 50 milhas da costa. Eu vinha guiando o barco e ele sentado no banco. Eu vi só a cabeça do peixe [da orca], ao lado da borda do bote, subindo. Aí ele veio e disse que tinha uma baleia seguindo a gente", contou o pescador Francisco Borges.
🔎 Segundo o Projeto Cetáceos da Costa Branca, da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), que monitora e resgata animais no litoral potiguar, as orcas são cosmopolitas, ou seja, "ocorrem em todos os oceanos do mundo, inclusive em águas tropicais", sendo mais comum no Brasil no Sul e Sudeste (veja detalhes mais abaixo).
🔎 O projeto informou ainda que as orcas, apesar do tamanho, fazem parte da família dos golfinhos oceânicos e que a aparição delas é incomum, mas não é inédita no estado.
Segundo o pescador Francisco Borges, a baleia acompanhou o barco por mais de 1 hora, mas ele e o colega gravaram apenas um dos momentos, porque os celulares iriam descarregar em breve.
"Ela veio seguindo a gente. Boiou, ficou bem pertinho. Dava até para botar a mão, se quisesse. A qualquer momento que ela quisesse afundar o barco era só dar uma pancada no barco ali que ela afundaria", falou.
O pescador contou ainda que temeu pelo fato de achar que a baleia poderia causar danos à embarcação.
"Graças a Deus estamos vivos para contar história. Na hora a gente fica aperreado, porque o barco é só de tábua, a qualquer momento com uma pancada ali a gente poderia afundar", disse.
Orca vista por pescadores no mar do RN
Reprodução
'Animais extremamente inteligentes'
O comportamento da orca ao lado do barco tem semelhança ao que tem sido registrado no Mar Mediterrâneo, explicou Renata Sousa-Lima, professora do Departamento de Fisiologia e Comportamento e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFRN, que possui PhD em Comportamento Animal pela Cornell University (EUA).
"São comportamentos que podem passar por aprendizado social entre os indivíduos. As orcas aprendem e adotam comportamentos de outras", explicou.
Segundo a especilista, as explicações para esse tipo de comportamento são especulativas. Ela também disse que não é possível afirmar, pelo vídeo, se havia mais de uma orca naquele momento.
"Orcas são animais extremamente inteligentes e tem estrutura social complexa, com famílias, clãs, e populações com tradições culturais específicas de cada grupo", falou.
Acompanhar o barco é 'comportamento de proteção'
Segundo o coordenador do projeto Cetáceos da Costa Branca, o biólogo Flávio Lima, a orca acompanha a embarcação como forma de proteger outras orcas que possam estar próximas.
"Esse comportamento de acompanhar o barco simplesmente é um comportamento de proteção, de defesa em que aquele animal acompanha a embarcação no sentido de proteger o grupo de orcas que pode estar ali ao redor", explicou.
O recomendado, segundo o especialista, é que os pescadores deixem a o motor neutro nessas situações com baleias e golfinhos.
"Caso alguma embarcação encontre esses animais, a legislação adequada é reduzir a velocidade e colocar o motor em neutro para que o animal naturalmente se afaste da embarcação", explicou.
"Após cerca de 100 metros de distância do animal, aí novamente a embarcação pode engrenar a marcha e sair em direção contrária ao animal", completou.
O especialista reforçou que encontrar essa espécie de golfinho ocorre em todos os oceanos - embora restrita a áreas de água mais profundas e que encontrar esse animal é "uma grande oportunidade científica de nós termos esse registro dessa espécie aqui para o litoral do Rio Grande do Norte".
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