Médicos suspeitaram de tumor antes de descobrirem gravidez de universitária; jovem só soube que teve filho 5 dias após o parto
29/10/2025
(Foto: Reprodução) Jovem potiguar conta como foi descobrir que era mãe 5 dias após o parto do próprio filho
A universitária de 21 anos que só descobriu que teve um filho 5 dias após o parto contou que os médicos chegaram a desconfiar que ela poderia ter tumores após os primeiros atendimentos.
O caso aconteceu com a jovem Annalice Nascimento de Melo, mãe de Levi Emanuel, que nasceu prematuro, com 34 semanas de gestação, em junho, em Natal. A jovem teve o que é chamado de "gravidez silenciosa" - ela não percebia qualquer sinal de que estava grávida.
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A desconfiança dos médicos em relação a possíveis tumores - ou na cabeça ou no útero - aconteceu por dois motivos: por conta das dores de cabeça e convulsões que a jovem tinha e logo após o exame de Beta hCG apontar que ela estava grávida.
Como ela não tinha sinais de gravidez, os médicos suspeitaram que poderia ser um tumor raro no útero, que dá falso positivo no exame.
Mas, segundo Annalice, os médicos descartaram essa hipótese.
"Eram apenas suposições dos médicos, os tumores. Eles acharam apenas que seria ou um ou outro", contou.
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A suposição foi descartada logo após um exame de ultrassonografia, que confirmou gravidez. Mas, como a jovem estava inconsciente durante os atendimentos, ela não soube que estava grávida.
No dia do parto, em 17 de junho, Annalice ainda teve outras duas convulsões. Diante do quadro de saúde, os médicos realizaram o parto com ela amarrada e os olhos vendados, temendo que a jovem tivesse outra convulsão, fizesse algum movimento brusco inconscientemente, ou que acordasse no meio do procedimento e sofresse um choque ao perceber que estava passando por um parto.
O nascimento aconteceu às 12h40. Às 18h, tentaram tirar a entubação da mãe, mas ela teve uma nova convulsão e começou a ter falência renal, que foi revertida com medicamentos. Ela só viria recobrar a consciência plenamente cinco dias depois.
Jovem não tinha sinais e seguia vida normalmente
O nascimento prematuro do pequeno Levi Emanuel surpreendeu a todas as pessoas no entorno, além da própria Annalice. Na foto de duas semanas anteriores ao parto, não é possível perceber uma barriga de grávida (veja abaixo).
A estudante seguia vida normal entre estágios, aulas, trabalho como assistente terapêutica, projetos na faculdade e a presidência do centro acadêmico. A alimentação e a prática esportiva, inclusive com acrobacias circenses e quedas, também seguiam normalmente.
"Trabalho com crianças pequenas, então me abaixava muito. Fui pra festas, tomei energéticos durante toda a madrugada, comi sushi, tomava chá de camomila para dormir, tudo que uma grávida não pode fazer eu fiz", conta.
Annalice Nascimento de Melo, de 21 anos, duas semanas antes do parto, sem saber que estava grávida
Arquivo pessoal
Tudo mudou no dia 16 de junho, quando Annalice teve uma forte dor de cabeça a ponto de não conseguir ficar em pé e foi levada à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do bairro Pajuçara, na Zona Norte de Natal, onde mora. Ela tomou uma medicação e voltou para casa.
Annalice conta que vinha sentindo algumas dores de cabeça desde o início do mês, mas associava o problema às muitas atividades na faculdade.
Porém, durante a madrugada do dia 17, por volta das 3h, ela teve uma convulsão e foi levada pelos pais de volta à UPA. Em seguida, foi encaminhada para o Hospital Santa Catarina também na Zona Norte. Ela estava com a pressão muito alta, em torno de 19 por 9.
Descoberta
Segundo Annalice, após a primeira convulsão, ela só soube o que aconteceu pelos relatos de profissionais de saúde, familiares e alguns "flashes" de memória.
"Eu abria os olhos, respondia algumas coisas, falava alguma coisa curta, como 'sim', 'não', mas nada além disso, não lembro de nada. Só lembro de ter deitado na cama dos meus pais [onde ocorreu a primeira convulsão]", explica.
No dia 21 de junho, a jovem acordou na UTI do hospital perguntando aos profissionais de saúde o que tinha acontecido com ela. Foi então que uma psicóloga e uma assistente social da unidade de saúde relataram tudo, inclusive o fato de ela ter dado luz a uma criança.
"Elas começaram contando que eu tive eclâmpsia e síndrome de HELLP. Por estudar na área da saúde, eu sabia um pouco e pensei comigo que não poderia ter tido isso, porque são problemas de quem está grávida. Foi aí que elas me contaram que eu tinha tido um filho. Foi um choque. Acho que nem dormi naquela noite", conta a estudante.
Levi Emanuel nasceu prematuro, com 34 semanas de gestação, em Natal
Arquivo da família/Cedida
Nascimento de Levi
O pequeno Levi Emanuel nasceu com 38 cm e pesando apenas 1,2 kg, com uma saúde fragilizada. A criança teve parada cardíaca, precisou ficar internada, usar sonda, luz azul, passou por tratamento de infecção no estômago, infecção urinária e anemia.
Mãe e filho só se conheceram no dia 26 de junho, com a alta de Annalice. Porém, ela permaneceu no hospital com a criança até o dia 1º de agosto, quando Levi foi liberado para ir para casa.
"O primeiro contato foi surpreendente. Era uma criança que eu não sabia que existia. Antes de vê-lo, eu ficava ansiosa, esperando o momento. Não tinha concretizado na minha cabeça que era mãe. Acho que vim me sentir mãe em julho", relata.
Annalice na praia um mês antes do parto
Arquivo pessoal
Gravidez silenciosa
Segundo a mãe, os profissionais de saúde acreditam que, por ela ter corpo atlético e o útero um pouco alto, o bebê cresceu entre as costelas dela.
Annalice ainda contou que teve sangramentos ao longo dos meses de gestação, inclusive poucos dias antes do nascimento de Levi, que ela atribuia à menstrução, e os profissionais consideraram que poderia ser um sinal de descolamento de placenta.
Segundo ela, Levi está bem de saúde, sendo acompanhado, pela equipe do hospital, pelo posto de saúde do bairro e também por profissionais ligados ao plano de saúde. "Como ele é prematuro, precisa estar sendo acompanhado com mais frequência que os outros bebês", conta.
"É gratificante descobrir ser mãe e ainda mais ser mãe de um milagre", conclui a mãe.
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